“Oh! Como é bom como é agradável vivermos unidos os irmãos!” SI 133,1
A comunidade religiosa não é um simples aglomerado de cristãos em busca da perfeição pessoal. Em sentido muito mais profundo, é participação e testemunho qualificado da Igreja- Mistério, enquanto expressão viva e realização privilegiada de sua peculiar «comunhão»>, da grande <<koinonia>> trinitária a que o Pai quis fazer participar os homens no Filho e no Espírito Santo. (VF 2 )
Antes de ser uma construção humana, a comunidade religiosa é um dom do Espírito. De fato, é do amor de Deus difundido nos corações por meio do Espírito que a comunidade religiosa se origina e por ele se constrói como uma verdadeira família reunida no nome do Senhor. (VF 8)
Do dom da comunhão nasce a tarefa da construção da fraternidade, isto é, do tornar-se irmãos e irmãs numa determinada comunidade onde se é chamado a viver juntos. Da aceitação admirada e agradecida da realidade da comunhão divina, que é comunicada a pobres criaturas, provém a convicção do esforço necessário para fazê-la sempre mais visível através da construção de comunidades << plenas de alegria e de Espírito Santo. >> (At 13, 52). (VF 9)
“Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que eles estejam em nós, para que o mundo creia que me enviaste”. (Jo 17, 21)
“Não há entre as pessoas da Santíssima Trindade nenhum sinal de disputa do poder ou supremacia de um sobre os outros, não há anulações nem negação, não há o individualismo nem o coletivismo (negação do individuo). Pelo contrário, há a afirmação de todos através de todos e o amor entre todos, de sorte que não são três, mas um. A comunhão e a amizade entre o povo de Deus transforma-se num sinal externo e visível da realidade da vida da Trindade”.
Chamados por Cristo, fonte de nossa união, escolhemos viver em comunidade. A vinda do Reino de Jesus Cristo em nós e no próximo se realiza já na nossa vida comum. A vida fraterna se constrói todos os dias. Recebida como um dom de Deus, ela exige de cada religioso uma conversão diária que confirma sua própria fidelidade e a de seus irmãos. Nosso amor a Deus e aos homens se prova e se revela na verdade de nossas relações. Ninguém pode desfrutar da alegria dessa vida sem se comprometer. Nós nos aceitamos diferentes, pois Aquele que nos une é mais forte que aquilo que nos separa. É preciso superar constantemente nossas divisões e nossos limites para nos reencontrarmos na acolhida e no perdão.