A Igreja nos convida nesses dias próximos a adentrar no tempo do Advento, tempo esse dedicado a espera e a esperança. Esperar quer dizer se colocar em estado de vigilância, preparando nossa casa e a nós mesmos para a chegada do Senhor, o “Sol nascente que veio nos visitar” (Lc 1,78b).
Dias atrás, vendo uma publicação em que tinha como imagem Maria – grávida e montada num jumentinho – e José, ambos se dirigindo à cidade de Belém, conforme nos relata o evangelho, havia um comentário que me chamou bastante a atenção: “a esperança é cercada risco”. Penso que essa pequena frase pode nos trazer uma reflexão interessante ao iniciarmos esse tempo de advento.
Esperar é correr riscos, pois não se tem a “posse” daquilo ou daquele que se espera, apenas se tem em mãos uma coisa: a promessa! Por essa razão é necessário que tenhamos em conta quem nos promete e o que nos promete, perceber se é digno de nossa confiança, se suas palavras não são ilusórias ou enganadoras.
Numa sociedade cercada de pressa e de imediatismos, talvez não haja espaço para esperar; num tempo de mentiras e falta de ética, talvez não consigamos experimentar o que é a confiança. Tempos difíceis, poderíamos afirmar, mas não isentos de promessas e de esperanças. Por isso, somos convidados a abrir nossos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus que nunca passa, a Palavra que se fez carne e habita no meio de nós, que nos enche de esperança, ou melhor dizendo, é a nossa esperança! Papa Francisco convoca repetidas vezes aos cristãos para que “não deixemos que nos roubem a esperança” (EG 86). Ousemos fazer diferente, ousemos esperar, como o vigia espera a aurora, como a noiva espera o amado, pois só quem ousa esperar pode saborear a presença e a posse.
Irmã Roziane, INSBC